sábado, 11 de agosto de 2007

decantando

decantando

Permissão. Encaixe. Engraxe. Enfeite.
Vodca. Graxa. Ardência. Gordura.
Manteiga. Maresia. Lubrificante. Sutura.
Azeite. Edredom. Cola. Leite.

“O que arde cura o que aperta segura.”
sabedoria popular

Não sei mais o que esperava, sei que esteve e me deixou.
(como essa lembrança que não sei do quê),
que o que sei lá que estava ao crescer me completou.
Agora que a vi, sua imagem se apagou.

O que eu quero nem sempre aparece.

Eu nem esperava. Eu só decantava.
Na madrugada uma bota me acordou. No gozo me molhou.
Unhas virgens me arranharam... Eu... perdia a menina.
É... esperei que o dia me fizesse voltar. Só que me amedrontei.
Acho que o futebol, carnaval e um misto de estupidez.

É claro que o tesão me chamou

O que é novo transforma tudo. Não é surpresa...
que o ritmo do trabalho amadurecesse minha rotina,
e criasse, tão covarde quanto o sono, uma disciplina.
Essa mesma que te abate.
Aba abra abracadate - Surdina
b-a-ba abra Abracadabra. Pina-colada
Água e óleo
Alho e óleo
Vinho tinto
Linho branco
Aba e cate os sonhos no liquidificador

Creme de Abacate

Rimas que não dizem. Com sons de desejos. Frações
impróprias despidas de despedidas.
Nudeza, cama e mesa.

Acordar. Descobrir que ao separar eles casaram.
Eu só decantava. Eu saia de casa bem cedo, todos os dias
(hoje eu já saio de noite)
Foi outra surpresa...

A não distinção entre o dia e a noite,
como o mito do nascer da noite. Pandora às avessas...

A saia girando, barriga de fora, cerveja.
Paciência. Saliva. Latência.
A menina me perdendo... dançando.
É... esperei que a noite ela voltasse. Só que se esqueceu.
Acho que amarelinha, pula-corda e pega-pega.
Admito... menina-pega-menino.

Meus sonhos, liquidificados, transformaram-se em tudo:
Polícia e ladrão. Eu me apaixonei várias vezes. Relutei...
como o sereno, agarrado ao chão, preso às coisas da terra.
(as mesmas coisas que vejo quando saio a noite de casa)
Asfalto. Cimento. Engarrafamento. Ciumento.

Percebi a rotina que essa cena criava.

Um dia desses encontrei um antigo amigo meu, que me contou que o dia se casou com a noite
e que uma amiga, na noitada, tinha lhe dito que a noite estava na pista.

Durante esse crepúsculo novas imagens se formam,
e os sonhos de tanto se misturar se separam.

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