sábado, 11 de agosto de 2007

Artesanato do Tumulto

Artesanato do Tumulto

Quase um gozo.
Entre um gozo e outro.
No gozo um outro.
Entre o gozo dos outros.
Tudo tumultuado.
Palavras...
queria falar algumas,
mas nada de novo andam dizendo.
Então pensei nas frases,
mas as frases ficaram tão sós.
Outros falam palavras, frases, orações...
Traições repetindo o passado.
Cobradas justamente de nós.
(No dos outros é refresco).

Discordar é preciso.
Viver... não pode ser um gozo.
Calar continua sendo mais fácil.
Aceitar continua sendo mais gostoso.
Tumultuando tudo.

Quando percebi que as coisas estavam iguais,
e vi que as pessoas não estavam iguais,
mas iguais aos que estavam.
Tive uma sensação:
Solidão.
E uma vontade de ficar perto das coisas.
Todas as coisas da realidade.
Porque de fato as pessoas mutaram,
(Parasitas da necessidade).

Entre um seio e outro.
Entre o céu da boca oca
e a língua. A saliva míngua.
A boca seca. A fala peca.

Entre uma fila e outra.
Entrei na fila. Fiquei na fila. Sai da fila.
Filas esperando Sebastião quer ele volte ou não.
Homens e mulheres cansadas
por um lado pela história por outro cordeiros da vitória.
Mães de família, crianças correndo, celulares tocando, lanchando, sussurrando...
Acordando. Idosos (não podem enfrentar as filas). Tudo isso junto.
Tudo isso esperando. Tudo. Menos falando ou ouvindo.
Tudo menos um todo.

Minha fila é mais lenta,
sedenta.
Nos meus sonhos sou sempre eu mesmo,
que eu me lembre...
... tumultuando tudo o tempo todo. O tempo todo tudo tumultuando.

Entre Vênus e Marte.
Parte limite da matéria parte limite da história.
Entre o fogo e a fogueira
entre água e o reflexo.
O escritor e a caveira.
Ser ou não ser es a questão
quer ela venha ou não.
Não há final na fila.

No tumultuado tempo,
tumultuo tudo o tempo todo.
O tempo todo tudo tumultuo.
Para o tempo não há limite.
Para as mulheres e homens pode sobrar o tumultuo.
É tempo de tumultuar o presente tumulto
para o tumulto de agora não tumultuar o futuro.

Tumultu
arei a terra.

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